sexta-feira, junho 16, 2006

...um presente da saudade...

E lá estava o senhor de barbas brancas, longas, assoviando uma cantiga indecifrável, lembrando quem sabe das canções que saiam do violão do filho. Quanta saudade daquelas cantigas entoadas com inspiração. Sempre alegraram seu dia, fossem saídas dos dedos do filho ou das mãos da esposa que bailavam sobre o piano com tanto amor nas horas angustiantes e doloridas.
O lindinho de uma perna só! Era assim que ele próprio se denominava por conta da ausência de uma perna!
Em um jardim bem próximo, lá estava ele! Sob a sombra fresquinha de uma arvore alta e robusta. Um jardim próximo mas desconhecido. Não por ele!
Continuava a assoviar, com os olhos semicerrados, o pensamento longe, quem sabe até aqui por perto. As vezes arriscava um gesto desengonçado como se quisesse reger a trilha sonora de nossas vidas do lado de cá.
Suas longas barbas brancas, não acostumadas em ali estar escondem as marcas dos sofrimentos a que fora submetido há mais de uma década, o deixando assim tão sereno, alvo e lindo.
O senhor não mudou, ainda continua no misto de ser rabugento e sorridente, sofrido e dedicado, atencioso e desatento!
O jardim tão lindo onde ele repousa é tão distante quanto próximo que as vezes parece estar logo ali do lado. Do lado das lembranças de outras vidas, dos devaneios, dos sonhos, da imaginação. Do lado da vida, pois é justamente onde ela acaba que se pode começar a ver o verde infinito e terno do jardim onde agora repousa o vovô.

Homenagem ao vovô Antonio Gregolin que muito nos faz falta. Falecido há um pouco mais de 10 anos e que por algum motivo que não consigo definir me encheu de inspiração ontem a tarde enquanto eu ouvia meu pai tocar violão!

11 Comments:

Marcelo Mello said...

Olá, minha querida. Que bom foi ler esse seu texto. Confesso, emocionou-me! Não tive a sorte de conhecer meus avós. É por isso que faço questão que minha filha, recém-nascida, esteja sempre perto dos avós. Quero que ela tenha o prazer de dizer o que nunca pude: vovô, te amo!

Felicidades,
Marcelo

Anônimo said...

Imagino como deve ter sido lindo o momento por ti vivido, vendo/ouvindo teu pai ao violão, e as lembranças tão suaves do avô que se foi... mas que está sempre presente no teu coração!

Um belo texto, meu anjo, que bem mostra a sensibilidade que te faz ser tão especial, nesse teu jeitinho meigo de 'postar' a vida, para que todos nós, leitores/amigos, possamos adentrar esse teu mundo mágico e ao mesmo tempo tão real.

Quanto aquele outro assunto, tenho certeza de que já se resolveu perante à pessoa certa, pois a sua delicadeza em justificar-se mostrou que não houve nenhuma intenção maldosa no caso. Estamos todos nós sujeitos a esse lapso, meu anjo, quando apreciamos um bom texto e o queremos divulgar. Sempre há de prevalecer a consideração e o respeito, e acima disso tudo, a compreensão!

Que o seu fim-de-semana seja tão lindo quanto o seu coração, meu anjo.

Ficam beijos, ficam flores, ficam sorrisos... não necessariamente na mesma ordem... rss.

Fica em PAZ! Fica com Ele!

Anônimo said...

oi nat, eu acho que peguei o filme pela metade...rs...nao to sabendo de nada disso...o que dizia o comentário anonimo??....bem, fique certa de que jamais partiria de mim um gesto agressivo pelo acontecido...se eu tivesse visto, eu iria pedir a vc para citar a fonte...afinal, como diz o proprio anitelli: "quem credita, acredita"!! tá tudo em paz!! beijos pra vc!!
Maíra Viana
www.vergonhadope.blogger.com.br

Jac C. said...

Oi Natty,
Sabe querida, a questão dos direitos autorais é algo que merece mesmo extrema atençao pra evitar problemas como o que vc passou. Mas continuas sendo uma escritora e tanto. Este txt sobre seu avô está belíssimo. lembranças, saudades, sempre nos trazem inspiração, não é? Obrigada por sua atenção para comigo e meu maridão. Bjs e bom domingo! Jac

Ná Jornalista web said...

P ois é!Você sabe que nas primeiras linhas eu poderia jurar estar vendo tio Paulo de barbona grande e branca?!te juro,Ná!
achei o texto lindo!muito dedicado e semelhante a esse dom de Deus, que é a música, existente na sua família!
Adorei de verdade!
Beijos queriida!

Anônimo said...

Olá Natty,
Nossa que bonito esse amor por este seu avô! Já eu estou longe de meus avós, sinto uma enorme falta deles!! Que coisa triste é a saudade...boa semana querida, bjos em seu coração!!!!

Anônimo said...

Nossa...que belo...me emocionou...Beijos!

Anônimo said...

Olá meu anjo...
Gozado... tem momentos em nossas vidas que bate uma coisa tão estranha... e... quando notamos... externamos coisas maravilhosas como esse teu texto...
Parabéns pela forma como botou isso para fora de você... e... para dentro de nós...
Beijos...

Anônimo said...

Oh filha...oque me resta dizer depois de tudo que você escreveu...As primeiras linhas que brotaram do seu coração eu pude perceber quão belo seria...Que Deus te abençõe e esteja certa que o Vovô, da onde estiver (tavez do nosso lado)tem muito orgulho de você e diria, se estivesse entre nós: "esta é minha neta querida".
Papai.

Anônimo said...

Olá! Primeiro agradeço seu comentário no meu blog...Obrigada! Li o seu texto e é interessante como a inspiração surge...e o mais interessante é como as lembranças infantis são doces e surgem com uma certa frequência e de repente.
Gostei muito do seu blog! Você é jornalista> Eu faço cursinho, vou prestar vestibular, e ainda não tenho certeza da minha profissão. Minha maior dúvida está entre: Jornalismo e Administração. Acho jornalismo fascinante, mas acho que acabarei escolhendo administração...hehehehe...
Abraço

Anônimo said...

Oi menina! Como vai?
Que lindas palavras... nunca tive contato com meu avô quando ele era vivo, mas em uma noite me inspirei a escrever sobre ele. É simplesmente emocionante. Fico feliz com sua sensibilidade. Estar aqui é sempre ótimo.
um grande beijo

 
Layout By Natalia Gregolin