sábado, maio 13, 2006

Sobre o não-dito

Em uma das minhas diárias visitas aos tantos blogs disponíveis na Web, me deparei com um texto que se intitulava Sobre o não-dito.
Coloquei-me então a pensar nas tantas coisas engolidas, empurradas garganta a baixo que, por algum motivo de força maior não são debulhadas.
Diariamente engolimos sapos homéricos que indigestamente nos ataca as paredes estomacais.
Tantas coisas lindas ou não que ficam entaladas na traquéia e que para viver harmoniosamente na mentira mastiga-se melhor e engole-se.
Como diria Cazuza, somos canibais de nós mesmo, uma vez que nos dispomos a anular-nos na condição de falantes pelos cotovelos. Se Fulano fala demais com certeza não seria ele a sofrer de gastrite nervosa.
Fica então o dito pelo não-dito. Trezentas e cinqüenta e oito frases diárias são mastigadas, engolidas e não digertidas, apenas caladas, emudecidas e veladas pela vontade de abrir a boca e vomita-las.
Sendo assim, concluo que a vontade de falar fica só na vontade todos os dias. A vontade de olhar nos olhos e explicitar felicidade ou ódio guardamos na garganta para mais tarde se confundir com o suco gástrico. E enquanto isso, esfriamos os sentimentos calando a própria voz, confundimos as dores de estomago crônicas com as dores no peito por não ter falado.
Implorando para ser ouvida a voz de dentro nos expressando com os olhos quando fosse cabível uma única palavra, vamos esfriando mais e mais o coração que agora cabe entre os dedos.

5 Comments:

Anônimo said...

Olá querida...
Achei genial teu post anterior...
Retrata... embora de uma forma genérica... os dramas do relacionamento...
Claro que exceções existem... mas... na maior parte das vezes... é assim mesmo...
Também gostei muito do post atual... muito bem escrito... e... também retrata nosso cotidiano...
Que bom que consegui fazê-la sorrir com meu post... pois... sinto que meu blog cumpriu sua missão...
Beijos...

Anônimo said...

Ola natty...adorei seu blog novo...parabéns... beijussss

Anônimo said...

São Paulo está sitiada e amanhã não será a mesma. Assim como não foi na manhã passada, e na manhã retrasada.

Jussara Soares said...

Escrevi um texto há um tempo atrás sobre isso, "Meu vômito, teu alimento", e às vezes é preciso provocar o 'vômito'.
Belo blog!

Anônimo said...

Querida Natty,

A cada texto seu que leio creio que você fez a opção correta pelo jornalismo. Este, então, será muito útil em sua profissão.
Você faz uma matéria que considera genial, mas no outro dia parece apenas o "dito-pelo-não-dito". Todos os dias você tem que engolir sapos, quer de editores-chefes, na maioria das vez infinitamente menos competentes que você; quer de empresários de comunicação, todos do tipo "self-made-man", com no máximo um diploma de segundo grau, daqueles intensivos. E o pior de tudo: não serão estas coisas que lhe darão uma úlcera, mas os cafés e os lanches rápidos porque você não tem mais tempo nem de sentar à mesa para um almoço com sua família. Mas nós gostamos, não é?

Abraços

Marcelo

 
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